sábado, 26 de outubro de 2013

eu quero paz...

Nada melhor, enquanto ainda não acessamos a paz incessantemente presente, do que buscar orientação com alguém que viva permanentemente nesse estado, o estado natural do ser.
Um mestre é aquele que conhece a si mesmo e não se ilude com as criações da mente pensante nem com as sensações físicas. Quando um mestre nos olha,  não nos vê como  nos vemos, ele nos vê como realmente somos: eternamente felizes e em paz. Por meio de sua orientação e benção, podemos desiludir-nos e ver revelar-se, diante de nós, aqui e agora, a paz do momento presente e o amor do ser verdadeiro. As coisas como são.

Certa vez, uma pessoa que, como a maioria de nós, ainda ignorava a condição natural de paz, disse a Sathya Sai Baba, um Mestre permanentemente bem-aventurado: “Swami, eu quero paz!”. A resposta d’Ele foi a seguinte:

“Abandone o ‘eu’, abandone o ‘quero’. Que restará?”
.
Se você se sente na mesma condição dessa pessoa, querendo paz, sinta essa resposta como se também fosse para você.

“Abandone o ‘eu’, abandone o ‘quero’. Que restará?”

O Divino Mestre, magistralmente, mostra ao pseudossofredor que a paz já está ali com ele. Para ser mais assertivo, a paz está “nele”. Mas, nesse momento, ele identifica-se com um “eu” e, consequentemente, com os “queros” desse eu. Quando conseguir abandonar essas idéias, perceberá a paz.

Enquanto durar a identificação com os pensamentos, a turbulência mental será inevitável. Estará feliz quando obtiver o que a mente, “eu”, estiver desejando,“querendo”; e triste quando não o conseguir. Estará feliz quando puder evitar o que a mente, “eu”, não deseja, “quer”; e triste quando não for possível evitá-lo. A identificação com o “eu” e o “quero” gera um ciclo infindável de sofrimento.

Ainda segundo Sai Baba, temos dois caminhos para a felicidade. O primeiro é, incessantemente, realizar todos os nossos desejos, o que sabemos ser inviável. O segundo é desapegarmo-nos de nossos desejos. Isso pode realizar-se neste exato instante.

Quando perceber que “eu” e “quero” são conteúdos de sua mente, que pensa na hora  em que quer pensar e pensa o que quer pensar; e que, estando ligado a essas idéias, as aflições certamente surgirão, você irá começar a gerar motivação para conhecer sua dimensão mais profunda: essa que você começa a experimentar quando o observa a mente sem identificação com ela. E logo verá que, nesse nível, tudo é paz. Enquanto, na paisagem da mente, tudo muda de maneira ininterrupta, na consciência, a paz é permanente. Escolha seguir em paz. Está em suas mãos.

Em suas mãos, não nas mãos de um “eu” criado por sua mente. Não acredite nos seus pensamentos, que estarão sempre querendo alguma coisa. Também não acredite nessa “ideia de paz permanente”, apenas aceite como uma possibilidade e valide-a, ou não, por sua própria experiência.

Quando, erroneamente, acreditamos ser o falso “eu”, passamos a viver buscando realizar seus desejos e proteger-nos de seus medos. Parece ser essa a maneira mais sensata de viver-se.  Mas, em verdade, nada, dentro da ignorância, pode ser sensato. Nesse contexto, estamos ligados ao “eu” “quero”. Eis as nuvens escondendo o Sol, os pensamentos obscurecendo o SER.

Parece ser muito arriscada a desidentificação com o “eu” e o “quero”; parece que deixaremos de existir. Mas tal sensação só se dá enquanto não experimentamos Aquilo que fica velado; enquanto estamos presos à mente pensante. Para sabermos como é Aquilo que somos, temos de ir além dos pensamentos. Assim, corra o risco de ser realmente feliz!

Você pode saber, aqui e agora, que o sofrimento não é real. A realidade é somente paz. Quando olhamos com olhos que veem, percebemos que as ideias de “eu” e de “meu” surgem dentro dos pensamentos que não são nossos. Nosso equivoco é acreditar que eles correspondam ao que realmente somos.


Nossa felicidade independe totalmente do ter e depende totalmente do ser. Portanto, seja o que você é! Você não é seu nome. Seu nome é o nome que lhe foi dado por seus pais e ficou gravado em sua mente. É apenas um pensamento, que tem muita utilidade, desde que não nos identifiquemos com ele. O SER que você é pode utilizar um nome temporariamente, mas nunca deve limitar-se a ele. Não fique preso à ideia infantil de ser você seu nome. Se você bater com a cabeça e sofrer de amnésia, continuará sendo o que é, mesmo sem lembrar-se de seu nome. E, se receber outro nome, não passará a ser esse nome. Pois você é o que é! Além de todos os nomes. Além de todos os “eus”. Além de todos os “queros”! 

Carlos Henrique Viard Junior

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