Na Academia Hermógenes
Presenteamos nossos amigos e seguidores deste blog com a Divina Palestra de Eraldo Amay
A Arte de Amar
1) Amar a todos. Quer dizer, a cada um que passar
por nós durante o nosso dia, em casa, no trabalho, na escola, na rua, em todos
os lugares enfim. É um amor que não faz acepção de pessoas, que não discrimina,
e se manifesta concretamente em atos de serviço sem interesse próprio. Em
"todos" estão compreendidos os que nos são simpáticos e os que nos
são antipáticos, os que nos tratam bem e os que nos tratam mal, até mesmo
aqueles que são declaradamente nossos desafetos, segundo o preceito de Jesus:
"Amai os vossos inimigos, os que vos perseguem, os que vos caluniam".
Esse passo da Arte de Amar fundamenta-se na passagem do Evangelho em que Jesus,
falando do Pai, nos diz que Ele faz chover sobre bons e maus, sobre justos e
injustos, ou seja, Ele é o mesmo Pai para todos e Seu amor não escolhe uns e
despreza outros. Devemos ter clareza de que todos somos filhos do mesmo Pai,
independentemente de posição social, raça, cultura, religião...
2) Amar espontaneamente, isto é, por primeiro.
Não devemos esperar sermos acolhidos para acolher. Devemos lançar-nos no
acolhimento de todos, independentemente de sermos ou não acolhidos. Tal passo
está relacionado à própria vinda de Jesus ao mundo. Ele veio como expressão do
amor do Pai, sabendo que seria desprezado por muitos. Jesus não esperou ser
amado para amar. Amou por primeiro. Assim, aprendendo com Jesus, podemos fazer.
Se chego a um local onde haja várias pessoas, não devo ter a expectativa de que
elas me recebam bem, mas devo (posso) lançar-me na recepção delas, amando-as
por primeiro. Tal passo está na conformidade do que se encontra na oração de
são Francisco: "Ó Mestre, fazei que eu procure mais amar do que ser
amado".
3) Amar ao próximo como a si mesmo. Colocar-se no
lugar dele. E se fosse eu? Gostaria de ser compreendido e perdoado em minhas
faltas? Ou quereria a intolerância do meu próximo? Amar, portanto, como eu gostaria de ser amado, fazendo
ao meu próximo o que eu quereria que se fizesse a mim. Esse passo fundamenta-se
na Regra de Ouro exposta no Evangelho de são Mateus: "Tudo o que quereis
que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles". Em nossos
relacionamentos cotidianos, agimos, às vezes, com os outros, de maneira
contrária ao que gostaríamos de que fosse feito a nós. Devemos, então, estar
atentos para nos exercitarmos em nos colocar no lugar do nosso irmão, quem quer
que seja ele.
4) Amar ao próximo vendo Jesus nele. Há uma
passagem no Evangelho em que Jesus diz mais ou menos isto: "Tudo o que
fizerdes ao menor dos meus irmãos, a Mim estareis fazendo". Então,
vivenciando a Arte de Amar, procuramos ver Jesus em cada um, amando-O em cada
um. Eu, Eraldo, vivo uma experiência de adoção tripla há mais de vinte anos.
Tenho um só filho gerado por mim e por minha esposa, e adotamos, no fim da
década de 80, três crianças. As pessoas nos diziam que era um ato de muita
coragem, e nós lhes respondíamos que era apenas uma questão de coerência. Ao
acolhermos como filhos o Adriano, a Ana Cristina e o Diogo, a Jesus estávamos
acolhendo. Em sala de aula, de cada vez que me dirijo a um aluno, mesmo para
chamar sua atenção, não perco de vista que o que eu fizer a ele é a Jesus que
estou fazendo, porque assim Jesus nos diz. E como Jesus é manifestação de Deus,
é com Deus que me relaciono ao relacionar-me com as pessoas.
5) Fazer-se um com todos em tudo, menos no
pecado. Esse talvez seja o passo por excelência da Arte de Amar. O que é
fazer-se um? É esvaziar-se de si para construir a unidade com o próximo. Gosto
muito do exemplo da coleção de selos. Alguém, no meu trabalho, possui um álbum
com selos de diversos países. Eu, particularmente, não tenho interesse algum
por selos. Mas tal pessoa leva para o trabalho sua coleção e quer mostrar-me.
Eu posso, delicadamente, dizer-lhe que naquele momento não estou disponível
para ver sua coleção (em virtude do meu desinteresse por selos). Mas posso
esvaziar-me do meu não interesse por selos e fazer-me um com essa pessoa,
dando-lhe a mais plena atenção. Tal exercício é importantíssimo no sentido de
irmos podando nosso ego, libertando-nos dessa prisão. Costumo citar também,
como exemplo, a relação de um casal em que o marido, aos domingos, gosta de
sentar-se diante do aparelho de televisão e assistir a uma partida de futebol.
Sua esposa, porque não gosta de futebol, passa pela sala e reclama com ele. Ela
poderia viver esse passo da Arte de Amar. Esvaziar-se de seu desinteresse pelo
futebol, sentar-se ao lado do marido, pedir que ele lhe explique algumas regras
desse esporte, construir a unidade entre eles. Fazer-se um em tudo, menos no
pecado. Sim, se alguém me propõe, por exemplo, que vejamos juntos uma revista
pornográfica, então não me faço um, pois devo harmonizar minha mente e não
excitá-la. Com mansidão e amorosidade, recuso-me a me fazer um no erro.
6) Amar dando a vida. Jesus, na noite anterior à
Sua crucificação, disse aos apóstolos que lhes deixava um novo
mandamento:"Amai-vos como eu vos amei". Onde está a novidade desse
mandamento? Exatamente no "como", isto é, na medida do amor. Em que
medida Jesus amou a humanidade? Sua medida foi ilimitada, porque passou pelo
sacrifício do Calvário, dando sua vida em oblação. Pois é assim que ele orienta
seus discípulos: que se amem dando a vida. É claro que dar a vida não será
sempre algo que envolva a morte do corpo físico, mas temos a oportunidade de
"morrer" frequentemente para amar como Jesus. Se alguém bate à minha
porta no momento em que, após um dia de trabalho, estou preparando-me para
descansar, eis uma oportunidade de "morrer" para o meu descanso, de
dar a vida, portanto. Morro para mim e vou atender a quem precisa de mim
naquele momento, no momento presente, esse momento que tenho para vivenciar o
amor. Fazendo assim, minha alma se preenche de bem-aventurança, e eu percebo
que, por trás da multiplicidade de formas, todos somos UM.
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