Curso de Extensão e Aprofundamento em Yoga e Meditação
Coordenação: Professor Carlos Henrique Viard Junior
Tema: Bhakti Yoga - Yoga da Devoção
Tema: Bhakti Yoga - Yoga da Devoção
Síntese da palestra
sobre a Arte de Amar baseada nos princípios expostos no Evangelho.
Palestrante Eraldo Amay
Podemos dizer que o
cerne da mensagem de Jesus seja exatamente essa arte, essa prática do amor.
Como toda arte, deve ser exercitada, para que se incorpore ao nosso modo de
ser.
A Arte de Amar comporta
alguns passos ou pontos relevantes:
1) Amar a todos. Quer
dizer, a cada um que passar por nós durante o nosso dia, em casa, no trabalho,
na escola, na rua, em todos os lugares enfim. É um amor que não faz acepção de
pessoas, que não discrimina, e se manifesta concretamente em atos de serviço
sem interesse próprio. Em "todos" estão compreendidos os que nos são
simpáticos e os que nos são antipáticos, os que nos tratam bem e os que nos
tratam mal, até mesmo aqueles que são declaradamente nossos desafetos, segundo
o preceito de Jesus: "Amai os vossos inimigos, os que vos perseguem, os
que vos caluniam". Esse passo da Arte de Amar fundamenta-se na passagem do
Evangelho em que Jesus, falando do Pai, nos diz que Ele faz chover sobre bons e
maus, sobre justos e injustos, ou seja, Ele é o mesmo Pai para todos e Seu amor
não escolhe uns e despreza outros. Devemos ter clareza de que todos somos
filhos do mesmo Pai, independentemente de posição social, raça, cultura,
religião...
2) Amar
espontaneamente, isto é, por primeiro. Não devemos esperar sermos acolhidos
para acolher. Devemos lançar-nos no acolhimento de todos, independentemente de
sermos ou não acolhidos. Tal passo está relacionado à própria vinda de Jesus ao
mundo. Ele veio como expressão do amor do Pai, sabendo que seria desprezado por
muitos. Jesus não esperou ser amado para amar. Amou por primeiro. Assim,
aprendendo com Jesus, podemos fazer. Se chego a um local onde haja várias
pessoas, não devo ter a expectativa de que elas me recebam bem, mas devo
(posso) lançar-me na recepção delas, amando-as por primeiro. Tal passo está na
conformidade do que se encontra na oração de são Francisco: "Ó Mestre,
fazei que eu procure mais amar do que ser amado".
3) Amar ao próximo como
a si mesmo. Colocar-se no lugar dele. E se fosse eu? Gostaria de ser
compreendido e perdoado em minhas faltas? Ou quereria a intolerância do meu
próximo? Amar, portanto, como eu gostaria de ser amado, fazendo ao meu próximo
o que eu quereria que se fizesse a mim. Esse passo fundamenta-se na Regra de
Ouro exposta no Evangelho de são Mateus: "Tudo o que quereis que os outros
vos façam, fazei-o também vós a eles". Em nossos relacionamentos
cotidianos, agimos, às vezes, com os outros, de maneira contrária ao que
gostaríamos de que fosse feito a nós. Devemos, então, estar atentos para nos
exercitarmos em nos colocar no lugar do nosso irmão, quem quer que seja ele.
4) Amar ao próximo
vendo Jesus nele. Há uma passagem no Evangelho em que Jesus diz mais ou menos
isto: "Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a Mim estareis
fazendo". Então, vivenciando a Arte de Amar, procuramos ver Jesus em cada
um, amando-O em cada um. Eu, Eraldo, vivo uma experiência de adoção tripla há
mais de vinte anos. Tenho um só filho gerado por mim e por minha esposa, e
adotamos, no fim da década de 80, três crianças. As pessoas nos diziam que era
um ato de muita coragem, e nós lhes respondíamos que era apenas uma questão de
coerência. Ao acolhermos como filhos o Adriano, a Ana Cristina e o Diogo, a
Jesus estávamos acolhendo. Em sala de aula, de cada vez que me dirijo a um
aluno, mesmo para chamar sua atenção, não perco de vista que o que eu fizer a
ele é a Jesus que estou fazendo, porque assim Jesus nos diz. E como Jesus é
manifestação de Deus, é com Deus que me relaciono ao relacionar-me com as
pessoas.
5) Fazer-se um com
todos em tudo, menos no pecado. Esse talvez seja o passo por excelência da Arte
de Amar. O que é fazer-se um? É esvaziar-se de si para construir a unidade com
o próximo. Gosto muito do exemplo da coleção de selos. Alguém, no meu trabalho,
possui um álbum com selos de diversos países. Eu, particularmente, não tenho
interesse algum por selos. Mas tal pessoa leva para o trabalho sua coleção e
quer mostrar-me. Eu posso, delicadamente, dizer-lhe que naquele momento não
estou disponível para ver sua coleção (em virtude do meu desinteresse por
selos). Mas posso esvaziar-me do meu não interesse por selos e fazer-me um com
essa pessoa, dando-lhe a mais plena atenção. Tal exercício é importantíssimo no
sentido de irmos podando nosso ego, libertando-nos dessa prisão. Costumo citar
também, como exemplo, a relação de um casal em que o marido, aos domingos,
gosta de sentar-se diante do aparelho de televisão e assistir a uma partida de
futebo l. Sua esposa, porque não gosta de futebol, passa pela sala e reclama
com ele. Ela poderia viver esse passo da Arte de Amar. Esvaziar-se de seu
desinteresse pelo futebol, sentar-se ao lado do marido, pedir que ele lhe
explique algumas regras desse esporte, construir a unidade entre eles. Fazer-se
um em tudo, menos no pecado. Sim, se alguém me propõe, por exemplo, que vejamos
juntos uma revista pornográfica, então não me faço um, pois devo harmonizar
minha mente e não excitá-la. Com mansidão e amorosidade, recuso-me a me fazer
um no erro.
6) Amar dando a vida.
Jesus, na noite anterior à Sua crucificação, disse aos apóstolos que lhes
deixava um novo mandamento:"Amai-vos como eu vos amei". Onde está a
novidade desse mandamento? Exatamente no "como", isto é, na medida do
amor. Em que medida Jesus amou a humanidade? Sua medida foi ilimitada, porque
passou pelo sacrifício do Calvário, dando sua vida em oblação. Pois é assim que
ele orienta seus discípulos: que se amem dando a vida. É claro que dar a vida
não será sempre algo que envolva a morte do corpo físico, mas temos a
oportunidade de "morrer" frequentemente para amar como Jesus. Se alguém
bate à minha porta no momento em que, após um dia de trabalho, estou
preparando-me para descansar, eis uma oportunidade de "morrer" para o
meu descanso, de dar a vida, portanto. Morro para mim e vou atender a quem
precisa de mim naquele momento, no momento presente, esse momento que tenho
para vivenciar o amor. Fazendo assim, minha alma se preenche de be
m-aventurança, e eu percebo que, por trás da multiplicidade de formas, todos
somos UM.
Grande e fraterno
abraço. Paz e Bem! OM SAI RAM!
Eraldo Amay
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