quinta-feira, 30 de março de 2017

Yoga e a juventude



Neste dia 30 de março comemora-se o Dia Mundial da Juventude. A vivacidade dos jovens é uma importante energia de transformação do mundo, mas nossa sociedade tem deturpado as interpretações sobre essa fase importante da trajetória humana. Como todas as etapas da vida, a juventude corporal é passageira e, talvez, a impermanência seja uma das lições mais importantes trazidas com o tempo. 

Assim, os mestres ensinam que a juventude deve ser cultivada enquanto característica do espírito, responsável por manter o viço da mente, a consciência no momento presente, e a certeza da natureza sagrada que une todos os seres. Professor Hermógenes, em seu primeiro livro sobre yoga - e um dos mais consagrados títulos sobre o tema no Brasil até hoje - já alertava sobre o perigo de se considerar a prática de yoga como um "elixir". Segundo ele, embora a manutenção da vitalidade do corpo seja um dos benefícios da yoga, esse não deve ser o objetivo da atividade. Confira o trecho do livro em que o professor faz essa reflexão: 


"Pode-se estabelecer que aquele que deseje ser jovem, além de exercícios físicos, repouso e dieta, deve: manter pensamentos positivos de coragem, saúde, tranquilidade, juventude e vigor; imaginar-se a si mesmo forte, sadio, bem disposto, alegre e entusiasmado; alimentar suaves emoções de amor, justiça, bondade, tolerância e simpatia; ajudar os semelhantes; não se lamuriar de suas enfermidades, cansaços, dores ou dificuldades; procurar sempre aprender e empreender algo novo; cultivar reverente admiração por todas as manifestações da vida; não tentar provar com excessos sua potência sexual; evitar maledicência, inveja, ódio, ciúme e autopiedade; ocupar a mente com planos generosos e principalmente praticar o samprajanya, isto é, viver com exclusividade cada momento, sem ligá-lo ao passado ou ao futuro.
(...)

O Yoga, mediante pranayamas, kriyas, mudras, ásanas, bandhas e meditações, capta da natureza o “élan vital” - prana -, armazena-o nos misteriosos acumuladores que são os chakras, purifica os nadhis (condutos imateriais da energia da vida), equilibra as duas forças - Ha e Tha – e assim faz o duplo etérico vibrar harmônico, e consequentemente, o corpo físico.

Saúde e mocidade não são os fins da Hatha Yoga, não obstante seu miraculoso papel de doadora de saúde e mocidade. O praticante de Yoga não deve perder de vista jamais que um corpo sadio é somente um meio de progredir espiritualmente. Ser forte, ser puro, ser tranquilo são apenas condições com que o aspirante pode caminhar para a Divindade.

Leviano e nocivo é praticar Yoga por motivos materialistas. Cultivar juventude por vaidade e egoísmo vale por degradar esta coisa sublime, que é o Yoga. Não obstante, porém, as advertências dos Mestres, o Yoga tem sido objeto de exploração por mistificadores e exibicionistas inescrupulosos e levianamente utilizado como divertimento de pessoas ociosas. O Yoga não é um novo elixir à disposição do indivíduo que não sabe envelhecer com dignidade e resignação".

(Professor Hermógenes, em "Autoperfeição com Hatha Yoga").

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