segunda-feira, 5 de junho de 2017

Yoga e meio ambiente, Yoga é meu ambiente



*Por Rodrigo Amaro

Iniciaremos uma nova abordagem de estudos em nosso querido Espaço de Yoga. Vamos conversar sobre o papel que possuímos como praticantes de yoga, na melhoria e manutenção de um ambiente saudável e equilibrado.

Entendemos aqui ambiente como o meio que nos rodeia, onde convivemos com os demais seres vivos (humanos ou não). Notamos, portanto, que nosso ambiente é todo local onde... estamos presentes!! Nosso quarto, casa, condomínio, rua, bairro, trabalho, escritório, espaço de Yoga, cidade, país, planeta, universo e... nós mesmos!

Figura 1: Nossos diversos tipos de ambientes.

Do nosso corpo ao universo, o que muda é a referência, mas o cuidado deve sempre existir. Parece muito trabalhoso? Mas não tem outro jeito: se buscamos a paz permanente, precisamos fazer a nossa parte, e agir de maneira correta em cada local onde tocamos nossos pés.

Para entender nosso papel no ambiente, vamos relembrar os elementos da Yoga. Podemos entender a Yoga como uma metodologia que nos leva a transcendência desta realidade materialista, sofrida e difícil, nos conduzindo a um eterno estado de felicidade e paz interior, independente do meio onde estamos. Neste caminhar, a Yoga se apresenta, segundo a  preciosa obra de Patanjali, o "Yoga sutra", 8 elementos (por isso chamada Ashtanga — ashta = 8; angas = elementos, partes):  Yama, Niyama (estes dois, elementos éticos para nos melhorarmos como indivíduos, e como elementos da sociedade), Asana (melhora física), Pranayama (controle energético, através da respiração), Pratyahara (abstração dos sentidos), Dharana (concentração), Dhyana (meditação) e Samadhi (iluminação, encontro com a paz) (Taimni, 2006). Os seis primeiros elementos nos habilitam à meditação, que é o caminho do autoconhecimento, necessário ao Samadhi, ou seja a iluminação, felicidade e paz interior constante para cada um de nós.
Figura 2: Yoga sutra de Patanjali: os 8 elementos da yoga (Ashtanga).

Destacamos aqui os dois primeiros elementos que compõem a yoga, Yamas e Niyamas. Eles tratam de um código de conduta, com abordagens éticas para o melhoramento individual e para o convívio em sociedade. Um indivíduo nada mais é do que um elemento que compõe a sociedade no qual está inserido. Por isso, o professor Gharote (2005) nos lembra que a prática de Yoga é, também, um importante ganho coletivo. A sociedade é um reflexo de seus indivíduos, e que os problemas individuais são refletidos na sociedade. Da mesma forma, a busca pela solução dos problemas individuais nos conduz a uma sociedade mais saudável (Gharote, 2005).  

Falamos de Yoga, de indivíduo e de sociedade. E o que o meio ambiente tem a ver com isso tudo? A resposta é: TUDO! O casal Feuerstein, na obra "Yoga Verde" (2010), nos convida ao questionamento: 

"O quanto é realista esperar alcançar a serenidade pessoal 
em um ambiente sociocultural e natural turbulento?”

Assim, ele conclui que à medida que nos tornamos internamente mais lúcidos, a ideia de que somos meramente uma personalidade humana isolada enfraquece, conduzindo-nos a um sentimento de interligação com toda a existência (Feuerstein e Feuerstein, 2010).

É impossível imaginarmos uma paz coletiva em meio a tantos abusos ao ambiente em que vivemos.  Alguns indivíduos, claro, conseguem chegar lá e desfrutar de sua paz interior, mesmo em ambientes pouco saudáveis e em meio a grupos sociais desequilibrados. E até trabalham em nos ajudar a avançarmos. Mas estes são as exceções que confirmam a regra.

Dizia Hermógenes (2000):

"O homem é o único elemento bagunceiro em todo o Universo 
porque desfruta do arriscado e poderoso privilégio de se rebelar 
e infringir, tornando-se assim o responsável único por todo 
o sofrimento individual e coletivo".

Poluímos o ar que respiramos, a água que bebemos, cortamos as árvores que controlam nosso clima e garantem nossas chuvas; destruímos milhões de hectares de ecossistemas para plantar uma única cultura, para alimentar o gado; desertificamos nossos oceanos; extinguidos espécies... Enfim... Já deu pra notar que "estamos" uma sociedade insustentável! 

Figura 3: Desequilíbrios gerados pelos seres humanos ao planeta.

Neste nosso novo canal de comunicação, refletiremos um pouco sobre algumas das principais questões ambientais existentes, sem qualquer audácia de esgotar o assunto, mas sempre abordando-os à luz do nosso estimado conhecimento da Yoga, buscando entender como podemos nos relacionar de maneira mais saudável como nossos diferentes ambientes, através de práticas mais sustentáveis.



Agradecimentos 

À professora Thalita Dias, minha esposa, grande incentivadora dessas novas ideias; à nossa família, por todo o suporte para chegarmos aqui e continuarmos a caminhar; ao nosso professor e orientador Carlos Henrique, pela inspiração constante; e a todos os professores do Instituto de Estudos e Pesquisa em Yoga (IEPY), em especial ao professor Marcos Rojo e Daisy Rodrigues, por todo carinho ao longo da nossa formação. 

Dedicado à tia Mirtes e tio Mazinho, sempre apoiadores de nossa Yoga. E que agora cuidam de nós, em outro plano! 


*Rodrigo Amaro é biólogo, estudioso do Yoga e professor de Hatha Yoga do Espaço Hermógenes. 


Referências

Feuerstein, G.; Feuerstein, B. 2010. Yoga Verde: Atitudes Sustentáveis para Mudar a Sua Vida e Salvar o Planeta. Ed. Pensamento, 152p.

Gharote, M.L. 2005. Yoga Aplicada - Da Teoria À Prática. Ed. Phorte, 3° edição, 175p. 

Taimni, I. K. 2006. A Ciência do Yoga. Ed. Teosófica, 343p.

Hermógenes, J. 2000. Setas no caminho de volta. Ed. Record, 240p.

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